Craro de Lua (in Portuguese)
Colcha de retalhos em nanzuque
azul de natiê
pra mode de amar.
A moça deita
refestelada.
A faca amolada na pedra
descansa sobre o jirau
e os pargos no samburá
aguardando os lanhos.
Enquanto acompanha com olhos
flutuantes algumas
formigas de réiva
espera quem lhe roube
o cabelo desfeito o tecido,
cheirando a babosa.
O fumeiro doce na casa
o vento silvando o reboco
ondas que quebram
e retornam a se fazer.
Então ele chega com pouco dinheiro
com relógio de cigano
e ouro nos dentes.
É craro de lua.
E os pescadores se aportam
em colchas de retalhos em nanzuque
azul de natiê
pra mode de amar.
Flávio de Araújo
“Craro de Lua” was published by Off Flip Press.
You can read and listen to the poem in English translation here.